No caminho de transformar a vida das pessoas, gestora compara o espírito voluntário ao sabor doce de uma fruta

Muitas ações de superação pessoal podem surgir por detrás da aparência bruta de um canteiro de obras se a gente souber estimular, estender a mão para dar o primeiro passo, colaborar para a construção não só de tijolo, aço e concreto, mas de pessoas autônomas, felizes e realizadas. Mas, historicamente, um dos grandes empecilhos para que os trabalhadores da construção civil cresçam individualmente é sua baixa escolaridade.

Por isso, muitas empresas do setor têm tentado reduzir o problema. É o caso da construtora MPD Engenharia, que já contribuiu para a alfabetização de quase 300 trabalhadores diretos e terceirizados nos próprios canteiros, segundo conta Rubia Moreira, gestora de RH da construtora MPD Engenharia e diretora-executiva do Instituto MPD ao podcast Inspire, da Zoho Brasil.

Ela diz que a ação chamada de “Construindo Letras” é a “menina dos olhos” do Instituto, que nasceu em abril de 2020 com foco em educação, sustentabilidade e construção.

Segundo ela, o programa já existia na MPD Engenharia antes mesmo da estruturação do Instituto e reflete a visão da empresa, que já tem 40 anos de atividade.

Para Rubia, o diferencial do “Construindo Letras” é envolver todos os funcionários no trabalho voluntário de alfabetização dos colaboradores e terceirizados. “Eles atuam diretamente com os trabalhadores-estudantes, auxiliando os professores contratados em sala de aula. Isso é muito importante porque quase sempre a turma é muito heterogênea, e a atenção dos voluntários ajuda a reduzir esse desnível”, explica.

O programa age tanto no processo de alfabetização dos trabalhadores quanto em seus estudos nos níveis Fundamental I e II. Depois disso, os alunos são submetidos a uma prova nacional que, se provados, lhes permite continuar os estudos.

“Nosso objetivo agora é estabelecer novas parcerias para aumentar a capilaridade do projeto, para beneficiar um número maior de pessoas”, revela Rubia. Segundo a gestora, há um potencial grande para ampliar muito as ações do Instituto. “A rede de relacionamento com a MPD Engenharia é gigantesca, e muitos parentes dos colaboradores e seguidores das redes sociais da empresa têm se oferecido para ajudar.”

A MPD Engenharia banca toda a estrutura necessária para ter uma sala de aula no próprio canteiro, da lousa ao material didático. Um lanchinho é oferecido também, porque as aulas acontecem após o horário de trabalho. Todo esse processo, muitas vezes, conta também com a parceria de fornecedores da MPD, que ajudam a montar a sala. “No fundo, todo mundo ganha com isso, o que nos dá a responsabilidade de fazer bem-feito e de divulgar para inspirar mais gente”, afirma Rubia.

Segundo ela, as pessoas querem [de uma empresa] muito mais diversidade, inclusão, responsabilidade social e um discurso coerente com a prática. “Esse tipo de ação faz brilhar os olhos dos colaboradores e aumenta o orgulho de estar em uma empresa que tem preocupação com esse tipo de coisa. E isso se estende também para o negócio da própria construtora”, diz.

O lado doce do voluntariado

Depois de tanta batalha, Rubia acredita ser preciso fazer a diferença. “E isso dá trabalho. Mais do que nunca, vivemos um momento de despertar e precisamos sair da nossa zona de conforto, mas a gente aprende muito no meio do caminho”, aponta.

Segundo ela, essa atitude diante da vida traz consigo a força transformadora para modificar o que não nos agrada, agindo para mudar a história e impactar positivamente o entorno e a própria sociedade.

Ela conta que um colaborador que era analfabeto e passou pelo Construindo Letras comparou a falta de letramento à cegueira e reconheceu o programa como algo de valor imensurável, que expandiu seus horizontes. “Essas histórias é que fazem a gente conciliar esse trabalho com nossas atividades pessoais, olhar para esses programas sociais e ter a certeza de que vale a pena”, admite.

“No fim, vale a pena, porque os resultados são extremamente significantes. É como colher os frutos que nem a gente imaginava serem tão doces.”

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